De um lado o tu sempre acompanhado do verbo conjugado de forma errada nas conversas informais – e até, desatentamente, nas mais solenes rodas. Ainda a média nossa de cada dia pedida nas padarias da Cidade, junto com o cará, que só existe por aqui! Tem também a linha da máquina. E o que dizer do mango, a moeda que circula exclusivamente nessas bandas e também dispensa plural – não importa o montante envolvido na transação! Já do outro lado, preciosidades escritas por gente como Pagu, Geraldo Ferraz, Vicente de Carvalho, Martins Fontes, Rui Ribeiro Couto, Plínio Marcos, Narciso de Andrade, Flávio Viegas Amoreira e tantos outros grandes nomes de nossa Literatura.
O fato é que por aqui se fala uma língua própria, quase um dialeto, que tanto enche o santista de orgulho. Isso fica claro em posts nas redes sociais e nas camisetas que já estampam esse jeito tão peculiar de o santista se comunicar.
“Tanto as palavras quanto as falas santistas precisam ser sistematizadas, preservadas, dissecadas, incorporadas e divulgadas para que todos possam saber um pouco mais daquilo de que somos feito, a nossa essência, cada pedaço da alma santista”, defende o Vereador Braz Antunes, autor do Projeto de Lei (PL) que institui o Museu das Palavras e Falas Santistas.
O PL n°213/2017 foi aprovado em segunda discussão na sessão da última segunda-feira (18/6) e será encaminhado para sanção do prefeito Paulo Alexandre Barbosa.
De acordo com o PL, compete ao Museu das Palavras e Falas Santistas reunir, organizar, difundir e estudar as manifestações literárias e o linguajar típico da população, além de preservar a literatura produzida por santistas – ou mesmo na Cidade – e registrar as expressões linguísticas locais ao longo do tempo.
“Este Museu será peça essencial na preservação de nossa memória. Mais do que isso, será fundamental para que o santista descubra, inclusive nas escolas, o trabalho de nossos escritores, desconhecidos por boa parte da população”, resume Braz Antunes.