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Porto de Santos – recordes e problemas

Colunista: Braz Antunes Mattos Neto
Fonte: Braz Antunes Mattos Neto
O Porto de Santos vive atualmente seus melhores momentos com relação à movimentação de cargas.
Fechou o ano de 2003 com operações que passaram das 60 milhões de toneladas, o que se traduziu em recorde de toda a história do cais santista. As exportações foram significativas, com o açúcar liderando a pauta, com 8,2 milhões de toneladas embarcadas e a soja (grãos e farelos) vindo em segundo lugar, com 7,2 milhões de toneladas.
Esse patamar manteve a Santos o título de maior porto da América Latina e todo o Hemisfério Sul.
Com relação ao Brasil, Santos mantém sua liderança na balança comercial brasileira, detendo 26,7% de todo comércio exterior brasileiro em 2003, com US$ 32,4 bilhões originários das cargas movimentadas aqui. Para se ter uma idéia, o Brasil todo movimentou US$ 121 bilhões em 2003.
O segundo lugar no País ficou com o Porto de Vitória, com US$ 9,2 bilhões. O terceiro, Paranaguá, com US$ 8,8 bilhões. Em quarto, Rio Grande, com US$ 7,4 bilhões. E em quinto, o Rio de Janeiro, com US$ 5,6 bilhões.
Esses valores significam que passaram por Santos 55% de todo o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, com influência direta dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e países do Mercosul.
A sua área de atuação concentra 49% de toda produção nacional e aqui vive 45% de todo mercado consumidor brasileiro.
Para 2004 a tendência é de superação desses números. Já se projeta, por exemplo, a movimentação geral no final do ano para 70 milhões de toneladas, com crescimento acima do esperado.
Mas, a par de toda essa situação de grandeza e de boas notícias, o Porto de Santos também vive um dos piores momentos com relação à sua infra-estrutura, principalmente viária.
A vinda de cerca de 5 mil caminhões diariamente com cargas como açúcar e soja acabaram estrangulando as malhas viárias, especialmente na entrada da Cidade e no rumo do porto, pois faltaram nos últimos anos investimentos do Governo Federal e da CODESP em um projeto que viabilizasse no porto uma continuação das estradas.
São as chamadas Avenidas Perimetrais, que evitariam os congestionamentos constantes e dariam mais vazão às filas de caminhões que aqui chegam. Essas avenidas estão previstas para serem construídas em 2 anos de obras, uma margem direita e outra margem esquerda do Porto de Santos.
Ainda no aspecto rodoviário, há necessidade urgente de se construir em torno da Grande São Paulo o chamado Rodoanel, com prioridade para o trecho sul, onde desembocariam as vias Imigrantes e Anchieta, para melhor distribuição das cargas para outros estados e , deste, em direção ao Porto de Santos. O Governo do Estado parece que está dando prioridade a esse trecho, mas há relutâncias, principalmente com pressões de parlamentares do Rio de Janeiro, que preferem o trecho norte, que conduziria o sistema rodoviário diretamente ao complexo do Porto de Sepetiba, onde o Governo Federal está investindo maciçamente.
Mas há outros problemas. O sistema ferroviário, por exemplo, tem gargalos que impedem maior movimentação das cargas em direção ao porto, com fretes mais baratos que o dos caminhões. Faltam ramais e é necessária também a construção do Ferroanel (ao lado do Rodoanel), especialmente do tramo sul, que permitiria, como os caminhões, que os vagões viajassem mais rapidamente das fazendas de soja e açúcar diretamente para o cais santista. O Governo do Estado também está priorizando esse tramo sul, mas as obras não começaram.
Outros problemas: a paralisação dos trabalhos de drenagens do canal do estuário. A drenagem, de aprofundamento do leito do canal e de manutenção dos trechos já dragados, permitiria que navios maiores e com mais capacidade de receberem cargas (o que abateria o custo do frete na exportação) e viessem para Santos. Isto não está ocorrendo porque há questões burocráticas a serem vencidas, com relação à licitação das empresas que executariam o serviço.